Quanto às atividades fruitivas, elas se baseiam principalmente na plataforma do desfrute dos sentidos. Portanto, uma pessoa avançada em consciência de Kṛṣṇa não as adota. O resultado das atividades fruitivas pode elevar alguém ao sistema planetário superior, mas o Bhagavad-gītā confirma: os tolos, após esgotarem os resultados de suas atividades piedosas no reino celestial, voltam mais uma vez para este sistema planetário inferior e, de novo, tentam ir ao sistema planetário superior. Seu único ganho é se dar ao trabalho de ir e voltar, exatamente como hoje em dia muitos cientistas materialistas estão desperdiçando seu tempo na tentativa de irem ao planeta Lua e voltarem. Aqueles que estão ocupados em atividades fruitivas são descritos pelos Vedas como andha-paramparā, ou seguidores cegos das cerimônias ritualísticas védicas. Conquanto tais cerimônias sejam certamente mencionadas nos Vedas, elas não se destinam aos homens inteligentes. Os homens que são muito apegados ao desfrute material são cativados pela perspectiva de elevação ao sistema planetário superior e, dessa forma, adotam tais atividades ritualísticas. No entanto, pessoas inteligentes que se refugiaram em um mestre espiritual autêntico veem as coisas como elas são: elas não praticam atividades fruitivas, mas se ocupam no serviço transcendental amoroso ao Senhor.

As pessoas que não são devotas adotam as cerimônias ritualísticas védicas por questões materialistas e, portanto, ficam perplexas. Pode-se dar um exemplo vívido: uma pessoa inteligente que possui um milhão de dólares em notas correntes não mantém o dinheiro sem gastá-lo, embora ela saiba perfeitamente bem que as notas, em si, não sejam nada mais que papel. Quando alguém possui um milhão de dólares em notas correntes, ela, na verdade, está mantendo apenas um enorme monte de papel; entretanto, se ela utiliza o dinheiro para um objetivo, ela se beneficia. De modo semelhante, embora este mundo material pareça falso, exatamente como o papel, ele tem seu próprio uso benéfico. Embora de papel, porque as notas correntes são expedidas pelo governo, elas têm pleno valor. Da mesma forma, este mundo material pode ser falso ou temporário, mas, visto que ele é uma emanação do Senhor Supremo, ele tem seu valor. O filósofo vaiṣṇava reconhece o pleno valor deste mundo material e sabe como utilizá-lo adequadamente, ao passo que o filósofo māyāvādī não consegue fazê-lo, exatamente como aqueles que confundem o dinheiro em nota por papel ordinário e descartam-no, não podendo usá-lo. Portanto, Śrīla Rūpa Gosvāmī declara que, se alguém rejeita este mundo material como falso, sem considerar a sua importância como um meio de servir a Suprema Personalidade de Deus, tal renúncia tem muito pouco valor. Uma pessoa que conhece o valor intrínseco deste mundo material para o serviço do Senhor, que não está apegada a ele e que o renuncia, não o aceitando para a satisfação dos sentidos, está em verdadeira renúncia. Este mundo material é uma expansão da energia material do Senhor, em razão do que ele é real. Ele não é falso, como por vezes se conclui a partir do exemplo da cobra e da corda.
Os Vedas personificados continuaram: “A manifestação cósmica, devido à natureza inconstante de sua existência impermanente, parece aos menos inteligentes como sendo falsa”. Os filósofos māyāvādīs aproveitam-se da natureza inconstante desta manifestação cósmica para tentar provar sua tese de que este mundo é falso. De acordo com a versão védica, antes da criação, este mundo não tinha existência e, depois da dissolução, o mundo não estará mais manifesto. Os niilistas também tiram proveito dessa versão védica e concluem que a causa deste mundo material é vazia. Contudo, as injunções védicas não afirmam que ela é vazia. As injunções védicas definem a fonte da criação e dissolução como yato vā imāni bhūtāni jāyante: “Aquele de quem esta manifestação cósmica emanou e em quem, após a dissolução, tudo imergirá”. O mesmo é explicado no Vedānta-sūtra e no primeiro verso do Primeiro Capítulo do Śrīmad-Bhāgavatam através das palavras janmādy asya yataḥ, “Aquele de quem tudo emana”. Todas essas injunções védicas indicam que a manifestação cósmica é oriunda da Absoluta Suprema Personalidade de Deus e que, quando ela é dissolvida, ela imerge nEle. O mesmo princípio é confirmado no Bhagavad-gītā: “A manifestação cósmica surge e novamente é dissolvida e, depois da dissolução, ela imerge na existência do Senhor Supremo”. Esse enunciado definitivamente confirma que a energia específica conhecida como bahir-aṅga-māyā, ou a energia externa, embora de natureza instável, é a energia do Senhor Supremo e, como tal, não pode ser falsa. Ela apenas parece falsa. Os filósofos māyāvādīs concluem que, como a natureza material não tem existência no início e deixa de existir após a dissolução, ela é falsa. Contudo, pelo exemplo do pote e dos pratos de barro, apresenta-se a versão védica: conquanto a existência de subprodutos específicos da Verdade Absoluta seja temporária, a energia do Senhor Supremo é permanente. O pote e a jarra de barro podem ser quebrados ou transformados em outro formato, tais como de prato ou tigela, mas o ingrediente de natureza material, a saber, a argila, continua a ser o mesmo. O princípio básico da manifestação cósmica é sempre o mesmo: Brahman, ou a Verdade Absoluta; logo, a teoria dos filósofos māyāvādīs de que ela é falsa é certamente apenas uma elucubração mental. A manifestação cósmica ser mutável e temporária não significa que ela seja falsa. A definição de falsidade é “aquilo que nunca teve existência, mas que existe apenas no nome”. Por exemplo, os ovos de um cavalo, o chifre de um coelho ou uma flor no céu são fenômenos que existem apenas nas palavras. Não há ovos de cavalo, não existe chifre de coelho, tampouco flor no céu. Há muitas coisas que existem unicamente nas palavras ou na imaginação, mas que, na verdade, são irreais. Tais coisas podem ser denominadas falsas. Entretanto, o vaiṣṇava não pode considerar este mundo material como falso simplesmente porque sua natureza temporária é se manifestar e novamente se dissolver.

Os Vedas personificados continuaram afirmando que a Superalma e a alma individual, ou Paramātmā e jīvātmā, não podem ser absolutamente iguais, embora ambas estejam sentadas dentro do mesmo corpo, como dois pássaros pousados na mesma árvore. Como declarado nos Vedas, esses dois pássaros, conquanto pousados como amigos, não são iguais. Um é apenas a testemunha. Esse pássaro é o Paramātmā, ou a Superalma. E o outro pássaro está comendo o fruto da árvore. Esse é a jīvātmā. Quando ocorre a manifestação cósmica, a jīvātmā, ou a alma individual, aparece na criação em diferentes formas de acordo com suas atividades fruitivas anteriores e, devido ao seu prolongado esquecimento da existência real, ela se identifica com uma forma específica que lhe é proporcionada pelas leis da natureza material. Após assumir uma forma material, ela se sujeita aos três modos da natureza material e age de acordo com eles para continuar sua existência no mundo material. Enquanto ela está encoberta por essa ignorância, suas opulências naturais ficam quase extintas. As opulências da Superalma, ou da Suprema Personalidade de Deus, contudo, não são diminuídas, embora Ele apareça neste mundo material. Ele mantém todas as Suas opulências e perfeições em plenitude, embora Se conserve à parte de todas as tribulações deste mundo material. A alma condicionada se enclausura no mundo material, ao passo que a Superalma, ou a Suprema Personalidade de Deus, abandona-o sem se afetar, exatamente como uma serpente solta sua pele. A diferença entre a Superalma e a alma condicionada individual é que a primeira, ou a Suprema Personalidade de Deus, mantém Suas opulências naturais, conhecidas como ṣaḍ-aiśvarya, aṣṭa-siddhi e aṣṭa-guṇa.

Devido ao seu pobre fundo de conhecimento, os filósofos māyāvādīs esquecem o fato de que Kṛṣṇa é sempre pleno de Suas seis opulências, oito qualidades transcendentais e oito tipos de perfeições. As seis opulências são riqueza, força, beleza, fama, conhecimento e renúncia. Ninguém é maior ou igual a Kṛṣṇa nessas seis opulências. A primeira das oito qualidades transcendentais de Kṛṣṇa é que Ele jamais é tocado pela contaminação da existência material. Isso também é mencionado no Iśopaniṣad: apāpa-viddham. Assim como o Sol nunca é poluído por qualquer espécie de contaminação, o Senhor Supremo nunca é maculado por quaisquer atividades pecaminosas. Embora as ações de Kṛṣṇa possam, às vezes, parecer ímpias, Ele nunca é maculado por tais ações. A segunda qualidade transcendental é que Kṛṣṇa nunca morre. No Bhagavad-gītā, capítulo quatro, Ele informa a Arjuna que tanto Ele quanto Arjuna tiveram muitos aparecimentos neste mundo material, mas que somente Ele Se lembra de todas essas atividades – passado, presente e futuro. O esquecimento se deve à morte. Quando morremos, mudamos de corpo e esquecemos. Kṛṣṇa, entretanto, nunca esquece. Ele pode Se lembrar de tudo o que aconteceu no passado. Se assim não fosse, como Ele poderia Se lembrar de ter ensinado primeiramente o sistema de yoga do Bhagavad-gītā ao deus do Sol, Vivasvān? Portanto, Ele nunca morre. Tampouco Ele envelhece. Embora Kṛṣṇa já fosse bisavô quando esteve no campo de batalha de Kurukṣetra, Ele não tinha a aparência de um idoso. Kṛṣṇa não pode ser maculado por qualquer atividade ímpia, nunca morre, nunca envelhece, nunca Se sujeita a lamentações, nunca tem fome e nunca tem sede. Tudo o que Ele deseja é perfeitamente lícito e tudo o que Ele decide não pode ser alterado por ninguém.
Essas são as oito qualidades transcendentais de Kṛṣṇa. Além disso, Kṛṣṇa é conhecido como Yogeśvara. Ele possui todas as opulências ou facilidades dos poderes místicos, tais como aṇima-siddhi, o poder de Se tornar o menor dos menores. É enunciado na Brahma-saṁhita que Kṛṣṇa entrou inclusive no átomo (aṇḍāntara-stha-paramāu-cayāntara-stham). Igualmente, Kṛṣṇa, como Garbhodakaśāyī Viṣṇu, está dentro do gigantesco universo, e Ele está deitado no Oceano Causal como Mahā-Viṣṇu, em um corpo tão gigantesco que, quando Ele exala, milhões e trilhões de universos emanam de Seu corpo. Isso é chamado mahimā-siddhi. Kṛṣṇa também possui a perfeição de laghimā: Ele pode Se tornar o mais leve. No Bhagavad-gītā, é dito que, como Kṛṣṇa entra neste universo e dentro dos átomos, todos os planetas estão flutuando no ar. Essa é a explicação para a ausência de peso. Kṛṣṇa também possui a perfeição de prāpti: Ele pode obter tudo o que desejar. Da mesma forma, Ele tem a facilidade de īśitā, o poder de controlar. Ele é chamado o controlador supremo, Parameśvara. Ademais, Kṛṣṇa pode influenciar qualquer pessoa, o que se chama vaśitā.

Desse modo, Kṛṣṇa é possuidor de todas as opulências, qualidades transcendentais e poderes místicos. Nenhum ser vivo comum pode se comparar a Ele. Logo, a teoria māyāvādī de que a Superalma e a alma individual são iguais é apenas uma concepção errônea. Portanto, a conclusão é que Kṛṣṇa é adorável e que todas as outras entidades vivas são simplesmente Seus servos. Essa compreensão é chamada autorrealização. Qualquer outra realização do eu pessoal além dessa relação de servidão eterna a Kṛṣṇa é motivada por māyā. Afirma-se que o último truque de māyā é induzir a entidade viva a tentar se tornar igual à Suprema Personalidade de Deus. O filósofo māyāvādī afirma ser igual a Deus, mas não pode responder porque ele caiu neste enredamento material. Se ele é o Deus Supremo, como ele se enredou em atividades ímpias e agora se sujeita às tribulações da lei do karma? Quando perguntados sobre isso, os māyāvādīs não conseguem responder apropriadamente. A especulação de ser igual à Suprema Personalidade de Deus é outro sintoma de vida pecaminosa. Não é possível alguém adotar a consciência de Kṛṣṇa a menos que esteja completamente livre de todas as atividades pecaminosas. O próprio fato dos māyāvādīs afirmarem ser iguais ao Senhor Supremo significa que eles ainda não estão libertos das reações das ações pecaminosas. O Śrīmad-Bhāgavatam enuncia que tais pessoas são aviśuddha-buddhayaḥ, cujo significado é que sua inteligência não é pura uma vez que se consideram falsamente libertas e, ao mesmo tempo, acham-se iguais à Verdade Absoluta. Os Vedas personificados disseram que, se os yogīs e os jñānīs não se purificarem dos desejos pecaminosos, seu processo particular de autorrealização nunca será bem-sucedido.
“Querido Senhor”, os Vedas personificados continuaram, “se pessoas santas não erradicarem completamente as raízes dos desejos pecaminosos, elas não poderão realizar a Superalma, embora Ele esteja sentado lado a lado com a alma individual. Samādhi, ou meditação, significa que a pessoa deve encontrar a Superalma dentro de si mesma. Aquele que não se livra das reações pecaminosas não é capaz de ver a Superalma. Se uma pessoa tem uma joia incrustada em um colar, mas se esquece da joia, é quase como se ela não a possuísse. De igual modo, se uma alma individual medita, mas realmente não percebe a presença da Superalma dentro de si mesma, ela não realizou a Superalma”.
Dessa forma, as pessoas que adotaram o caminho da autorrealização devem ter cuidado e evitar a contaminação da influência de māyā. Śrīla Rūpa Gosvāmī diz que um devoto deve se libertar completamente de todas as espécies de desejos materiais. Um devoto não deve ser afetado pelos resultados de karma e jñāna. Deve-se simplesmente compreender Kṛṣṇa e satisfazer Seus desejos. Esse é o estágio devocional puro. Os Vedas personificados continuaram: “Os yogīs místicos que ainda possuem desejos contaminados de desfrute sensorial nunca são bem-sucedidos em seus esforços, tampouco podem realizar a Superalma dentro de seu próprio eu. Assim, os chamados yogīs e jñanīs, que estão meramente perdendo seu tempo em diferentes tipos de satisfação dos sentidos, quer por especulação, quer por exibição de limitados poderes místicos, nunca serão libertos da vida condicionada e continuarão no repetitivo ciclo de nascimentos e mortes. Para tais pessoas, tanto esta vida como a próxima são fontes de tribulação. Essas pessoas pecaminosas já estão sofrendo infortúnios nesta vida e, porque não são perfeitas em autorrealização, elas serão sobrecarregadas de infortúnios na próxima vida. Apesar de todos os esforços para alcançar a perfeição, tais yogīs contaminados pelos desejos de gozo sensorial continuarão a sofrer nesta vida e na próxima”.
Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura esclarece, nesse contexto, que se os sannyāsīs (pessoas na ordem de vida renunciada, que abandonaram seus lares em busca de autorrealização) não se ocuparem em serviço devocional ao Senhor, mas se atraírem por obras filantrópicas, tais como abrir instituições educacionais, hospitais ou mesmo monastérios, igrejas ou templos de semideuses, encontrarão apenas problemas em tais ocupações, não apenas nesta vida, mas também na próxima. Sannyāsīs que não tiram vantagem desta vida para realizar Kṛṣṇa simplesmente desperdiçam seu tempo e energia em atividades fora da jurisdição da ordem renunciada. Por outro lado, o esforço de um devoto em empregar suas energias em atividades como a construção de um templo de Viṣṇu nunca se perde. Tais ocupações são chamadas kṛṣṇārthe akhila-ceṣṭā, variadas atividades para satisfazer Kṛṣṇa. A inauguração de uma escola por um filantropo e a construção de um templo realizada por um devoto não estão no mesmo nível. Conquanto a construção de uma instituição educacional por um filantropo seja uma atividade piedosa, ela encontra-se regida pelas leis do karma, enquanto a construção de um templo para Viṣṇu é serviço devocional.
O serviço devocional nunca está dentro da jurisdição da lei do karma. Como enunciado no Bhagavad-gītā, sa guṇān samatītyaitān brahma-bhūyāya kalpate: “Os devotos da Personalidade de Deus transcendem todas as reações dos três modos da natureza material e estão na plataforma transcendental da realização Brahman”. Os devotos estão libertos, tanto nesta vida como na vindoura. Qualquer atividade executada neste mundo material para Yajña (Viṣṇu ou Kṛṣṇa) é considerada trabalho liberto. No entanto, sem conexão com Acyuta, a infalível Suprema Personalidade de Deus, não há qualquer possibilidade de interrupção dos resultados das ações da lei do karma. A vida em consciência de Kṛṣṇa é vida de libertação. A conclusão é que o devoto, pela graça do Senhor, é liberto tanto nesta vida como na próxima, ao passo que karmīs, jñanīs e yogīs nunca são libertos, quer nesta vida, quer na próxima.
Os Vedas personificados continuaram: “Querido Senhor, qualquer pessoa que, por Sua graça, tenha compreendido as glórias de Seus pés de lótus, é indiferente à felicidade e miséria materiais”. As aflições materiais são inevitáveis enquanto existirmos neste mundo material, mas o devoto não desvia sua atenção para tais ações e reações, que são os resultados de atividades piedosas e ímpias. Nem mesmo um devoto fica muito perturbado ou satisfeito com elogios ou condenações das pessoas em geral. Um devoto é certas vezes bastante elogiado por causa de suas atividades transcendentais e, às vezes, ele é criticado, mesmo que não haja razão para tal crítica. Não obstante, o devoto puro é sempre indiferente a elogios ou condenações das pessoas comuns. Na verdade, as atividades do devoto estão no plano transcendental. Ele não está interessado em louvores ou críticas de pessoas ocupadas em atividades materiais. Portanto, se o devoto pode manter sua posição transcendental, sua libertação nesta vida e na próxima está garantida pela Suprema Personalidade de Deus.
A posição transcendental de um devoto neste mundo material é mantida pela associação com os devotos puros, com os quais ele simplesmente ouve as atividades gloriosas realizadas pelo Senhor em diferentes eras e encarnações. O Movimento para a Consciência de Kṛṣṇa se baseia nesse princípio. Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura cantou: “Meu querido Senhor, permita-me permanecer ocupado em Seu serviço transcendental amoroso como ensinado pelos ācāryas anteriores, e deixe-me viver em associação com os devotos puros. Esse é o meu desejo, vida após vida”. Em outras palavras, um devoto não se preocupa muito se ele está ou não liberto; ele anseia unicamente por serviço devocional. Serviço devocional significa que a pessoa não faz nada de modo independente, sem a sanção dos ācāryas. As atividades do Movimento para a Consciência de Kṛṣṇa são dirigidas pelos ācāryas predecessores, encabeçados por Śrīla Rūpa Gosvāmī; em associação com devotos que seguem esses princípios, o devoto é capaz de manter sua posição transcendental de uma forma perfeita.

No Bhagavad-gītā, o Senhor afirma que o devoto que O conhece perfeitamente é muito querido a Ele. Quatro tipos de homens piedosos adotam o serviço devocional. Se um homem piedoso está sofrendo, ele se aproxima do Senhor em busca de alívio para seu sofrimento. Se um homem piedoso precisa de ajuda material, ele ora ao Senhor pedindo auxílio. Se um homem piedoso está verdadeiramente interessado na ciência de Deus, ele se aproxima da Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. De modo similar, um homem piedoso que esteja unicamente ansioso por conhecer a ciência de Kṛṣṇa também se aproxima do Senhor Supremo. Dessas quatro classes de homens, a última é elogiada pelo próprio Kṛṣṇa no Bhagavad-gītā. Uma pessoa é elogiável quando tenta compreender Kṛṣṇa com pleno conhecimento e devoção, seguindo os passos dos ācāryas anteriores de acordo com o conhecimento científico do Senhor Supremo. Tal devoto pode compreender que todas as condições de vida, favoráveis e desfavoráveis, são criadas pela vontade suprema do Senhor. E quando ele se rende completamente aos pés de lótus do Senhor Supremo, não há preocupação se sua condição de vida é favorável ou desfavorável. O devoto considera até mesmo uma condição desfavorável como sendo um favor especial da Personalidade de Deus. De fato, não há condições desfavoráveis para um devoto. Ele vê tudo que vem pela vontade do Senhor como favorável e, em qualquer condição de vida, ele mostra-se bastante entusiasmado para executar seu serviço devocional. Essa atitude devocional é explicada no Bhagavad-gītā: o devoto nunca fica perturbado em condições adversas de vida, nem fica eufórico em condições favoráveis. Nos estágios superiores do serviço devocional, o devoto nem mesmo se preocupa com a lista do que pode e o que não pode ser feito. Tal posição só pode ser alcançada seguindo-se os passos dos ācāryas. Como o devoto puro segue os passos dos ācāryas, qualquer ação que ele execute para desempenhar seu serviço devocional deve ser entendida como estando na plataforma transcendental. Assim, o Senhor Kṛṣṇa nos dá a instrução de que um ācārya está acima de críticas. Um devoto neófito não deve se considerar no mesmo plano de um ācārya. Deve-se aceitar que os ācāryas estão na mesma plataforma da Suprema Personalidade de Deus e, assim, nem Kṛṣṇa nem Seu representante ācārya devem ficar sujeitos a qualquer crítica adversa de devotos iniciantes.
Portanto, os Vedas personificados adoraram a Suprema Personalidade de Deus de diferentes formas. Adorar o Senhor Supremo através da oração significa lembrar-se de Suas qualidades, passatempos e atividades transcendentais. Contudo, os passatempos e as atividades do Senhor são ilimitados. Não nos é possível nos lembrarmos de todas as qualidades do Senhor. Consequentemente, os Vedas personificados adoraram tanto quanto puderam e, no final, falaram as seguintes palavras:

“Querido Senhor, embora o senhor Brahmā, a deidade predominante do planeta mais elevado, Brahmaloka, e o rei Indra, o semideus principal dos planetas celestiais, bem como as deidades predominantes dos planetas, como o Sol e a Lua, sejam todos diretores de confiança deste mundo material, eles têm pouquíssimo conhecimento a Seu respeito. Assim, o que pessoas comuns e especuladores mentais podem saber sobre Você? Ninguém pode enumerar as ilimitadas qualidades transcendentais de Sua Majestade. Ninguém, nem mesmo os especuladores mentais e os semideuses nos sistemas planetários superiores, pode realmente estimar a extensão e o alcance de Suas características e formas. Em nossa opinião, nem mesmo Sua Majestade tem conhecimento completo das Suas qualidades transcendentais. A razão é que Você é ilimitado. Embora não seja adequado afirmar que Você não Se conhece, é prático compreender que, como Você possui qualidades e energias ilimitadas e Seu conhecimento também é sem limites, há uma ilimitada competição entre Seu conhecimento e Sua expansão de energias”.
Guia de estudos:
1 – Para você o que significa “atividades fruitivas”?
Depois de estudar este tema neste capítulo repare se sua opinião continua a mesma.
2 – Você conhece alguma cerimônia ritualística Védica?
Qual é a diferença entre as cerimônias executadas pelos materialistas e as executadas pelos vaisnavas?
3 – Para explicar se este mundo é falso ou não, Srila Prabhupada dá o exemplo das notas de papel.
Explique este exemplo e formule outro para explicar o mesmo tema.
4 – Explique como os filósofos mayavadis se aproveitam da natureza deste mundo para provar que ele é falso.
Os niilistas estão certos dizendo que a causa deste mundo é vazia?
5 – Estude o primeiro verso do Srimad Bhagavatam e explique com suas palavras.
6 – Qual é o princípio básico da manifestação cósmica?
Ao estudar este tema, Srila Prabhupada formulou exemplos interessantes.
O que você achou destes exemplos?
7 – Para entender o tema que está sendo apresentado agora sobre a atma e o Paramatma, leia o texto que está no link abaixo:
Agora explique com suas palavras.
8 – Depois de estudar sobre as opulências de Krsna, feche os olhos e medite no Senhor do nosso coração.
9 – Como é possível que a Superalma esteja dentro do coração e as pessoas não percebem?
10 – O que Srila Rupa Gosvami diz sobre o estágio devocional puro de existência?
11 – O que Srila Visvanatha Cakravarti fala sobre a ordem de vida renunciada e a auto realização?
Qual é a diferença entre um filantropo e um vaisanava abrirem instituições assistenciais?
12 – Com relação à liberação, qual é a diferença entre um devoto, um karmi, um jnani e um yogui?
Por que um devoto não se preocupa se está liberado ou não?
O que Srila Narottama Das Takhura canta sobre este tema?
13 – Quais são as quatro classes de pessoas que buscam o Senhor?
14 – Agora os Vedas falam para Visnu que como Ele é ilimitado, nem Ele conhece todas as Suas qualidades transcendentais.
O que você acha desta ideia?
Material complementar para estudos: