Capítulo 87 – Parte 8 – Orações oferecidas pelos Vedas personificados

Leitura do capítulo 87 – Parte 8 – Por Sri Lalita Prestha devi dasi

Os Vedas personificados continuaram: “Querido Senhor, embora grandes yogīs místicos possam ter total controle sobre o elefante da mente e o furacão dos sentidos, a menos que se refugiem em um mestre espiritual genuíno, cairão vítimas da influência material e nunca serão bem-sucedidos em suas tentativas de autorrealização. Tais pessoas desviadas são comparadas a mercadores que vão ao mar em um navio sem capitão”. Portanto, por meio das próprias tentativas, a pessoa não pode livrar-se das garras da natureza material. Deve-se aceitar um mestre espiritual genuíno e trabalhar de acordo com sua direção. Desse modo, é possível cruzar a necedade das condições materiais. Śrīpāda Srīdhara Svāmī compôs um excelente verso sobre isso, no qual ele diz: “Ó mestre espiritual todo-misericordioso, representante da Suprema Personalidade de Deus, quando minha mente estiver completamente rendida a seus pés de lótus, nesse momento, unicamente por sua misericórdia, serei capaz de obter alívio dos obstáculos que se opõem à vida espiritual e estarei situado na vida bem-aventurada”.

De fato, samādhi extático, ou absorção na Suprema Personalidade de Deus, pode ser alcançado pela ocupação constante em Seu serviço, e esse constante envolvimento em serviço devocional pode ser realizado apenas quando a pessoa trabalha sob a direção de um mestre espiritual autêntico. Logo, os Vedas instruem que, para se conhecer a ciência do serviço devocional, a pessoa deve se submeter a um mestre espiritual genuíno. O mestre espiritual fidedigno é aquele que conhece a ciência do serviço devocional na sucessão discipular. Essa sucessão discipular é chamada śrotriya. O sintoma principal de alguém que se tornou um mestre espiritual em sucessão discipular é que ele está cem por cento fixo em bhakti-yoga. Às vezes, as pessoas relutam em aceitar um mestre espiritual e ocupam-se em autorrealização através da prática do yoga místico, mas há vários casos de fracasso, mesmo de grandes yogīs como Viśvāmitra. Arjuna disse no Bhagavad-gītā que o controle da mente é tão impraticável quanto parar o sopro de um furacão. Certas vezes, a mente é comparada a um elefante louco. Sem seguir a direção de um mestre espiritual, não se pode controlar a mente ou os sentidos. Em outras palavras, se a pessoa pratica o yoga místico e não aceita um mestre espiritual genuíno, ela certamente fracassa e desperdiça seu precioso tempo. A injunção védica é que ninguém pode ter pleno conhecimento sem estar sob a orientação de um ācāryaĀcāryavān puruṣo veda: aquele que aceitou um ācārya conhece as coisas como elas são. A Verdade Absoluta não pode ser compreendida por argumentos. Aquele que alcançou o estágio bramânico perfeito renuncia naturalmente; ele não luta por ganho material porque, devido ao conhecimento espiritual, ele concluiu que, neste mundo material, não há insuficiência. Tudo é suficientemente provido pela Suprema Personalidade de Deus. Um brāhmaṇa verdadeiro, desse modo, não se esforça pela perfeição material; ao contrário, ele se aproxima de um mestre espiritual autêntico para aceitar suas ordens. A qualificação de um mestre espiritual é que ele é brahma-niṣṭha, o que significa que ele abandonou todas as outras atividades e decidiu dedicar sua vida a trabalhar apenas para a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. Quando um discípulo fidedigno se aproxima de um mestre espiritual autêntico, ele ora submissamente ao mestre espiritual: “Meu querido senhor, por obséquio, me aceite como seu discípulo e treine-me de tal forma que eu seja capaz de abandonar todos os outros processos de autorrealização e simplesmente me ocupe em consciência de Kṛṣṇa, serviço devocional”.

O devoto ocupado sob a direção do mestre espiritual em serviço devocional amoroso ao Senhor faz a seguinte argumentação: “Meu querido Senhor, Você é o reservatório de prazer. Uma vez que Você esteja presente, qual é a importância do prazer transitório derivado de sociedade, amizade e amor? As pessoas que não estão cientes do reservatório supremo de prazer se ocupam falsamente em obter prazer da satisfação dos sentidos, mas isso é transitório e ilusório”. Nesse contexto, Vidyāpati, um grande devoto e poeta vaiṣṇava, afirma: “Meu querido Senhor, há, sem dúvida, um pouco de prazer no meio da sociedade, amizade e amor, embora ele seja materialmente concebido, mas tal prazer não pode satisfazer meu coração, que é como um deserto”. Em um deserto, há necessidade de um oceano de água. No entanto, se apenas uma gota d’água é derramada no deserto, qual é a utilidade dessa água? De igual modo, nossos corações materiais estão cheios de inúmeros desejos, que não podem ser satisfeitos pela sociedade, amizade ou amor materialistas. Somente quando nossos corações começam a obter prazer do reservatório supremo de prazer é que podemos encontrar satisfação. Essa satisfação transcendental é possível unicamente no serviço devocional, em plena consciência de Kṛṣṇa.

Os Vedas personificados continuaram: “Querido Senhor, Você é sac-cid-ānanda-vigraha, a forma eterna e bem-aventurada de conhecimento, e, porque as entidades vivas são partes integrantes de Sua personalidade, o estado natural de existência delas é estarem plenamente consciente de Você. Neste mundo material, qualquer pessoa que tenha desenvolvido tal consciência de Kṛṣṇa não se interessa mais pelo modo materialista de vida. Uma pessoa consciente de Kṛṣṇa perde o interesse pela vida familiar, na qual há alguma concessão para o desfrute sensorial. Em outras palavras, ela não mostra mais interesse pelo gozo dos sentidos. A perfeição da vida humana se baseia no conhecimento e na renúncia, mas é muito difícil tentar alcançar o estágio de conhecimento e renúncia durante a vida de casado. Desse modo, as pessoas conscientes de Kṛṣṇa refugiam-se na associação de devotos ou lugares santificados de peregrinação. Tais pessoas estão conscientes da relação entre a Superalma e as entidades vivas individuais e nunca estão no conceito corpóreo de vida. Como elas sempre levam Você dentro de seus corações, em plena consciência, elas se purificam de tal maneira que se torna um local santo de peregrinação todo lugar onde estejam, e a água que lava seus pés é capaz de libertar muitas pessoas pecaminosas que vagueiam por este mundo material”.

Quando o pai materialista de Prahlāda Mahārāja pediu-lhe para descrever algo muito bom que ele aprendera, ele respondeu ao seu pai: “Para uma pessoa materialista, que está sempre cheia de ansiedades devido à sua ocupação em verdades relativas e temporárias, o melhor procedimento é abandonar o poço escuro da vida familiar e ir para a floresta refugiar-se no Senhor Supremo”. Os verdadeiros devotos puros são famosos como mahātmās, ou grandes sábios, personalidades perfeitas em conhecimento. Eles sempre pensam no Senhor Supremo e em Seus pés de lótus e, dessa forma, automaticamente se libertam. Os devotos que estão sempre nessa posição são energizados pelas inconcebíveis potências do Senhor, motivo pelo qual eles mesmos tornam-se a fonte de libertação para seus seguidores e devotos. Uma pessoa consciente de Kṛṣṇa é espiritualmente energizada, e quem quer que toque ou se refugie nesse devoto puro também se torna energizado com potências espirituais. Tais devotos nunca são orgulhosos devido às opulências materiais. De modo geral, considera-se como opulências materiais uma boa ascendência, educação, beleza e riquezas. No entanto, um devoto do Senhor nunca se desvia pelo orgulho de possuir tais distinções, mesmo que porventura tenha todas as quatro dessas opulências materiais. Os grandes devotos do Senhor viajam por todo o mundo, de um lugar de peregrinação a outro, e, em sua jornada, eles encontram muitas almas condicionadas e as libertam através de sua associação e distribuição de conhecimento transcendental. Eles geralmente moram em lugares como Vṛndāvana, Mathurā, Dvārakā, Jagannātha Purī e Navadvīpa, porque apenas os devotos se reúnem em tais lugares. Desse modo, eles concedem associação santa uns aos outros e assim avançam. Para que toda entidade viva possa tirar proveito da associação de pessoas conscientes de Kṛṣṇa, esses grandes devotos abrem templos e āśramas, onde os devotos de Kṛṣṇa reúnem-se. Por intermédio de tal associação, as pessoas podem se desenvolver cada vez mais em consciência de Kṛṣṇa. Tal progresso não é possível na vida doméstica comum, que é desprovida de consciência de Kṛṣṇa.

Os Vedas personificados continuaram: “Querido Senhor, há duas classes de transcendentalistas: os impersonalistas e os personalistas. A opinião dos impersonalistas é que esta manifestação material é falsa e que apenas a Verdade Absoluta é real. Por outro lado, a visão dos personalistas é que o mundo material, embora muito temporário, não é falso, mas real. Esses transcendentalistas possuem argumentos diferentes para estabelecer a validade de suas filosofias. De fato, o mundo material é simultaneamente verdadeiro e falso. É verdadeiro porque tudo é uma expansão da Suprema Verdade Absoluta, e é irreal porque a existência do mundo material é temporária: ele é criado e aniquilado. Devido a suas diferentes condições de existência, a manifestação cósmica não tem posição fixa”. Aqueles que defendem a aceitação deste mundo material como falso são geralmente conhecidos pela máxima brahma satyaṁ jagan mithyā. Eles apresentam o argumento de que tudo no mundo material é feito de matéria. Por exemplo, existem muitas coisas feitas de argila, tais como vasos, pratos e tigelas. Depois de sua destruição, esses objetos podem ser transformados em diversos outros objetos materiais, mas, em todos os casos, a sua existência como argila permanece. Um cântaro de barro, após ser quebrado, pode ser transformado em uma panela ou em um prato, mas, como prato, panela ou jarra, a própria argila continua a existir. Em vista disso, as formas de uma jarra, panela ou prato de barro são falsas, mas sua existência como argila é real. Essa é a visão dos impersonalistas. Esta manifestação cósmica é certamente produzida a partir da Verdade Absoluta, mas, como sua existência é temporária, ela é falsa; o entendimento dos impersonalistas é que a Verdade Absoluta, que está sempre presente, é a única verdade. Na opinião de outros transcendentalistas, no entanto, este mundo material também é verdadeiro, porque foi produzido pela Verdade Absoluta. Os impersonalistas argumentam que isso não é um fato, pois ora se observa que a matéria é produzida a partir da alma espiritual, ora a alma espiritual é produzida da matéria. Tais filósofos propõem a argumentação de que, embora o esterco de vaca seja uma matéria morta, surgem escorpiões do esterco de vaca, em algumas ocasiões. De igual modo, a matéria morta, como unhas e cabelos, surge do corpo vivo. Portanto, as coisas geradas de alguma outra coisa nem sempre são da mesma qualidade dessa primeira. À luz dessa argumentação, os filósofos māyāvādīs estabelecem que, embora esta manifestação cósmica seja certamente uma emanação da Verdade Absoluta, ela não contém necessariamente a verdade. De acordo com essa visão, a Verdade Absoluta, o Brahman, deve ser aceito como verdade, ao passo que a manifestação cósmica, conquanto seja um produto da Verdade Absoluta, não pode ser tomada como verdadeira.

Não obstante, a visão dos filósofos māyāvādīs é tida no Bhagavad-gītā como a visão dos asuras, ou demônios. O Senhor diz no Bhagavad-gītā, asatyam apratiṣṭhaṁ te jagad āhur aṇīśvaram/ aparaspara-sambhūtaṁ kim anyat kāma-haitukam: “A visão dos asuras sobre a manifestação cósmica é que toda a criação é falsa. Os asuras pensam que a mera interação da matéria é a fonte da criação e que não há controlador ou Deus”. Contudo, isso não é verdade. Com base no capítulo sete do Bhagavad-gītā, compreendemos que os cinco elementos grosseiros – terra, água, fogo, ar e céu – juntamente com os elementos sutis – mente, inteligência e falso ego – são as oito energias separadas do Senhor Supremo. Além dessa energia material inferior, existe a energia espiritual, representada pelas entidades vivas. As entidades vivas são aceitas como a energia superior do Senhor. Toda a manifestação cósmica é uma combinação das energias inferior e superior, e a fonte das energias é a Suprema Personalidade de Deus. A Suprema Personalidade de Deus tem muitos tipos diferentes de energias. Isso é confirmado nos Vedasparāsya śaktir vividhaiva śrūyate: “As energias transcendentais do Senhor são variegadas”. E como essa variedade de energias emanou do Senhor Supremo, elas não podem ser falsas. O Senhor é eterno, e as energias são sempre existentes. Algumas energias são temporárias – ora manifestas, ora imanifestas – mas isso não significa que sejam falsas. Pode-se dar o exemplo de que, quando uma pessoa está com raiva, ela faz coisas que são diferentes de sua condição normal de vida. No entanto, o fato de que o estado de ira aparece e desaparece não significa que a energia da raiva seja falsa. Desse modo, o argumento dos filósofos māyāvādīs de que este mundo é falso não é aceito pelos filósofos vaiṣṇavas. O próprio Senhor confirma que a visão de que não há uma causa suprema para esta manifestação material, de que não existe Deus e de que tudo é apenas a criação da interação da matéria, é uma visão de asuras.

O filósofo māyāvādī às vezes propõe o argumento da cobra e da corda. Na escuridão da noite, uma corda enrolada é, às vezes, devido à ignorância, tomada por uma cobra. Contudo, confundir uma corda com uma serpente não significa que a serpente e a corda sejam falsas. Portanto, esse exemplo utilizado pelos māyāvādīs para ilustrar a falsidade do mundo material não é válido. Quando algo é tido como fato, mas, na realidade, não tem existência alguma, esse algo é chamado de falso. Contudo, se algo é tomado erroneamente como outra coisa, isso não significa que seja falso. Os filósofos vaiṣṇavas usam um exemplo bem apropriado, comparando este mundo material a um pote de barro. Quando vemos um pote de barro, ele não desaparece de repente e se transforma em qualquer outra coisa. Ele pode ser temporário, mas o pote de barro é colocado em uso para transportar água e continuamos a vê-lo como tal. Portanto, embora o pote de barro seja temporário e diferente da argila original, não podemos afirmar que ele é falso. Assim, devemos concluir que o pote de barro e toda a argila são reais, porque um é o produto do outro. Compreendemos a partir do Bhagavad-gītā que, depois da dissolução desta manifestação cósmica, a energia material entra na Suprema Personalidade de Deus. A Suprema Personalidade de Deus é eterna com Suas variadas energias. Como esta criação material é uma emanação dEle, não podemos dizer que esta manifestação cósmica seja o produto de algo vazio. Sempre que falamos sobre Kṛṣṇa, Ele está presente com Sua forma, qualidades, nome, séquito e parafernália. Por conseguinte, Kṛṣṇa não é impessoal. A causa original de tudo não é nem vazia, nem impessoal, mas a Pessoa Suprema. Os demônios podem dizer que este mundo material é anīśvara, sem um controlador ou Deus; tal argumento, porém, não pode ser sustentado em última análise.

O exemplo dado pelos filósofos māyāvādīs de que a matéria inanimada, como unhas e cabelos, surge de um corpo vivo não é um argumento muito convincente. As unhas e os cabelos são, sem dúvidas, inanimados, mas eles não vêm de um ser vivo animado, mas, sim, de um corpo material inanimado. De igual modo, o argumento de que escorpiões surgem do esterco de vaca, implicando que um ser vivo é gerado da matéria, é também desprovido de consistência. O escorpião que surge do esterco da vaca é certamente uma entidade viva, mas a entidade viva não é gerada do esterco. Apenas o corpo material da entidade viva é produzido a partir do esterco, ou o corpo do escorpião vem do esterco da vaca. As centelhas das entidades vivas, como compreendemos a partir do Bhagavad-gītā, são injetadas na natureza material para depois surgirem na matéria. O corpo da entidade viva em diferentes formas é suprido pela natureza material, mas a entidade viva propriamente dita é suprida pelo Senhor Supremo. O pai e a mãe fornecem o corpo necessário à entidade viva sob certas condições. A entidade viva transmigra de um corpo a outro de acordo com seus diferentes desejos, os quais, sob a forma de inteligência, mente e falso ego, acompanham-na de corpo a corpo. Por intermédio de arranjo superior, uma entidade viva é colocada no ventre de certo tipo de corpo material e, então, desenvolve um corpo similar. Portanto, a alma espiritual não é produzida da matéria; ela assume um tipo determinado de corpo sob a direção de um arranjo superior. De acordo com nossa experiência atual, este mundo material é uma combinação de matéria e espírito. O espírito está movendo a matéria. A alma espiritual (a entidade viva) e a matéria são diferentes energias do Senhor Supremo e, visto que ambas as energias são produtos do Eterno Supremo, ou da Verdade Suprema, elas são reais, e não falsas. Como a entidade viva é parte integrante do Supremo, ela existe eternamente. Desse modo, para ela não há questão de nascimento ou morte. Os supostos nascimento e morte ocorrem por causa do corpo material. A versão védica sarvaṁ khalv idaṁ brahma significa que, como ambas as energias emanaram do Brahman Supremo, tudo o que experimentamos não é diferente de Brahman.

Existem muitos argumentos sobre a existência deste mundo material, mas a conclusão filosófica vaiṣṇava é a melhor. O exemplo do pote de barro é muito adequado: a forma do pote de barro pode ser temporária, mas ela tem uma finalidade específica. A finalidade do pote de barro é carregar água de um lugar para outro. De modo semelhante, este corpo material, embora temporário, tem um uso especial. A entidade viva recebe uma oportunidade desde o começo da criação para desenvolver diferentes espécies de corpos materiais consoante à reserva de desejos que ela tenha acumulado desde tempos imemoriais. A forma humana de corpo é um ensejo especial, no qual a forma desenvolvida de consciência pode ser utilizada.

Às vezes, os filósofos māyāvādīs apresentam o seguinte argumento: se este mundo material é real, por que se aconselha aos chefes de família abandonarem sua relação com este mundo material e aceitarem sannyāsa? No entanto, a visão do filósofo vaiṣṇava sobre sannyāsa não é que, porque este mundo é falso, deva-se, portanto, abandonar as atividades materiais. O objetivo do sannyāsa vaiṣṇava é utilizar as coisas para as finalidades a que elas realmente se destinam. Śrīla Rūpa Gosvāmī forneceu aos transcendentalistas duas fórmulas para lidar com este mundo material. Quando um vaiṣṇava renuncia a forma de vida materialista e aceita sannyāsa, isso não se deve à concepção da falsidade do mundo material, senão que ele o faz a fim de se dedicar inteiramente à ocupação de todas as coisas a serviço do Senhor. Śrīla Rūpa Gosvāmī, assim, apresenta a seguinte fórmula: “Deve-se se desapegar do mundo material porque o apego material é insignificante”. Todo o mundo material, a manifestação cósmica inteira, pertence a Deus, Kṛṣṇa. Logo, tudo deve ser utilizado para Kṛṣṇa, e o devoto deve se desapegar das coisas materiais. Eis o propósito do sannyāsa vaiṣṇava. Um materialista se apega ao mundo material para a satisfação dos sentidos, mas um sannyāsī vaiṣṇava, embora não aceite nada para o desfrute sensório pessoal, conhece a arte de utilizar tudo para o serviço do Senhor. Desse modo, Śrīla Rūpa Gosvāmī criticou os sannyāsīs māyāvādīs com esta segunda fórmula: “Como os māyāvādīs não sabem que tudo tem um uso para o serviço ao Senhor, eles consideram o mundo como falso e falsamente pensam que são libertos da contaminação do mundo material”. Visto que tudo é uma expansão da energia do Senhor Supremo, as expansões são tão reais quanto o Senhor.

O fato do mundo cósmico se manifestar apenas temporariamente não significa que ele seja falso, ou que a fonte de sua manifestação seja falsa. Visto que a fonte de sua manifestação é verdadeira, a manifestação também é verdadeira, mas se deve saber como utilizá-la. O exemplo do pote de barro pode ser citado novamente: o pote de barro produzido da argila é temporário, mas, quando usado para um objetivo adequado, ele não é falso. Os filósofos vaiṣṇavas sabem como utilizar a construção temporária deste mundo material exatamente como um homem sensato sabe como utilizar a construção temporária do pote de barro. Quando o pote de barro é usado para um objetivo errado, isso é falso. De modo semelhante, ao usar o corpo humano ou este mundo material para a satisfação dos sentidos, cria-se um conceito falso. Não obstante, se este corpo humano e a criação material forem utilizados para o serviço do Senhor Supremo, suas atividades nunca serão falsas. Portanto, o Bhagavad-gītā confirma que mesmo o ligeiro uso deste corpo e do mundo material para o serviço do Senhor pode libertar a pessoa do maior perigo. Quando adequadamente utilizadas, nem as energias superiores nem as energias inferiores que emanam da Suprema Personalidade de Deus são falsas.

Guia de estudos:

1 – O que os Vedas Personificados dizem sobre a importância de se aceitar um mestre espiritual?

Você tem um mestre espiritual?

Gostaria de ter?

2 – Medite no poema de Sripada Sridhara Svami.

Faça um poema para seu mestre espiritual.

Se você não tiver ainda, faça um poema pedindo a Deus que lhe mostre um.

3 – O que significa “samadhi extático”?

Como é possível obtê-lo?

O que Arjuna fala sobre o controle da mente?

Qual foi o pedido de Arjuna para Krsna citado aqui?

4 – Medite no poema de Vidyiapati citado aqui.

Pesquise a tradução da Canção para o Mestre Espiritual cantada por Srila Prabhupada.

Ouça a canção do link abaixo:

5 – O que significa ser um mahatma?

Como uma pessoa pode energizar as outras?

6 – Explique o exemplo do barro para mostrar a mentalidade dos impersonalistas.

Mostre qual é a visão dos assuras segundo a Bhagavad gita.

7 – Você acredita que porque algumas energias de Krsna as vezes são manifestas e outras vezes imanifestas elas sejam falsas?

São os impersonalistas ou os vaisnavas que acreditam que o mundo é falso?

Preste atenção nas diversas analogias existentes para explicar este ponto filosófico.

8 – O que significa ser um sannyasi?

Quais são as duas formas dadas por Srila Rupa Gosvami para lidar com este mundo material?

9 – O que pode livrar uma pessoa do maior perigo, segundo a Bhagavad Gita?

Você acredita seguir as instruções de Krsna a Arjuna?

Material complementar para estudos:

Abaixo link para estudos sobre o controle da mente:

https://vedabase.io/pt-br/search/?query=controle+da+mente

Abaixo link para Srimad Bhagavatam para estudar sobre a palavra Mahatma

https://vedabase.io/pt-br/library/sb/4/5/12/?query=mahatma#bb28487