Capítulo 87 – Parte 3 – Orações oferecidas pelos Vedas Personificados

Leitura do capítulo 87 – Parte 3 – Por Sri Lalita Prestha devi dasi

Como parte do serviço devocional, os vaiṣṇavas protegem o corpo para o serviço do Senhor, mas aqueles que são materialistas grosseiros aceitam o corpo como o próprio eu. Eles adoram o corpo pelo processo ióguico de meditação nas diferentes partes corpóreas, tais como maṇipūrakadahara e hṛdaya e gradativamente se elevam ao brahma-randhra no topo da cabeça. O yogī de primeira classe, que alcançou a perfeição na prática do sistema de yoga, passa, no final, pelo brahma-randra rumo a qualquer um dos planetas, quer no mundo material, quer no mundo espiritual. A maneira como um yogī pode se transferir para outro planeta é vividamente descrita no Segundo Canto do Śrīmad-Bhāgavatam.

Com relação a isso, Śukadeva Gosvāmī recomendou que os neófitos adorassem o virāṭ-puruṣa, a gigantesca forma universal do Senhor. Quem não consegue acreditar que o Senhor possa ser adorado com igual sucesso na Deidade, ou a forma arcā, ou quem não é capaz de se concentrar nessa forma, é aconselhado a adorar a forma universal do Senhor. A região inferior do universo é considerada os pés e as pernas da forma universal do Senhor; a parte intermediária do universo é considerada o umbigo ou o abdome do Senhor; os sistemas planetários superiores, tais como Janaloka e Maharloka, são o coração do Senhor, e o sistema planetário mais elevado, Brahmaloka, é considerado o topo da cabeça do Senhor. Embora haja diferentes processos recomendados por grandes sábios segundo a posição do adorador, a meta última de todos os processos de meditação de yoga é voltar ao lar, voltar ao Supremo. Como assinalado no Bhagavad-gītā, aquele que atinge o planeta mais elevado, a morada de Kṛṣṇa, ou mesmo os planetas Vaikuṇṭha, jamais precisa descer novamente a esta miserável condição de vida material.

Consequentemente, a recomendação védica é que a pessoa deve fazer dos pés de lótus de Viṣṇu a meta de todos os esforços. Tad viṣṇoḥ paramaṁ padam: os planetas Viṣṇu, ou Viṣṇuloka, estão acima de todos os planetas materiais. Esses planetas Vaikuṇṭha são conhecidos como sanātana-dhāma, e são eternos. Eles nunca são aniquilados, nem mesmo pela aniquilação deste mundo material. A conclusão é que, se um ser humano não realiza a missão de sua vida adorando o Senhor Supremo e não volta ao lar, não volta ao Supremo, deve-se entender que ele está respirando como o fole de um ferreiro, vivendo apenas como uma árvore, comendo como um camelo e fazendo sexo exatamente como os cães e porcos. Dessa forma, ele frustrou a realização do propósito específico da vida humana.

A próxima oração dos Vedas personificados ao Senhor relaciona-se com Sua entrada nas diferentes espécies de vida. É enunciado no Bhagavad-gītā, capítulo quatorze, que a parte espiritual integrante fragmentária do Senhor está presente em todas as espécies e formas de vida. O próprio Senhor afirma no Bhagavad-gītā que Ele é o pai que dá a semente de todas as formas e espécies, e que, portanto, devem todas ser consideradas filhos do Senhor. A entrada do Senhor Supremo no coração de todos como o Paramātmā às vezes deixa perplexos os impersonalistas, fazendo-os pensar em termos da igualdade entre as entidades vivas e o Senhor Supremo. Eles ponderam: “Se o Senhor Supremo e a alma individual entram em vários corpos, onde está a diferença? Por que as almas individuais devem adorar o Paramātmā, ou a Superalma?” Segundo eles, a Superalma e a alma individual estão no mesmo nível; elas são uma, sem qualquer diferença entre elas. Existe, no entanto, uma diferença entre a Superalma e a alma individual, e essa diferença é explicada no Bhagavad-gītā, capítulo quinze, onde o Senhor diz que, apesar de Ele estar com a entidade viva no mesmo corpo, Ele é superior. Ele dirige ou dá inteligência à alma individual a partir do interior. É claramente assinalado no Gītā que o Senhor dá inteligência à alma individual e que, tanto a lembrança quanto o esquecimento, se devem à influência da Superalma. Ninguém pode agir independentemente da sanção da Superalma. A alma individual atua conforme seu karma passado, que é lembrado pelo Senhor. A natureza da alma individual é o esquecimento, mas a presença do Senhor dentro do coração a faz se lembrar do que ela desejava fazer em sua vida passada. A inteligência da alma individual é assim como o fogo na madeira. Embora o fogo seja sempre fogo, ele apresenta-se com dimensões proporcionais ao tamanho da madeira. Analogamente, apesar de a alma individual ser qualitativamente idêntica ao Senhor Supremo, ela manifesta-se de acordo com as limitações de seu corpo atual. Contudo, o Senhor Supremo, ou a Superalma, é ilimitado. Declara-se que Ele é eka-rasaEka significa “um”, e rasa quer dizer “doçura”. A posição transcendental do Senhor Supremo é de eternidade, bem-aventurança e conhecimento pleno. Sua posição eka-rasa não sofre nem mesmo a mínima alteração quando Ele Se torna testemunha e conselheiro da alma individual em cada corpo individual.

Entretanto, a alma individual, começando do senhor Brahmā e descendo até a formiga, exibe sua potência espiritual de acordo com seu corpo atual. Os semideuses estão na mesma categoria das almas individuais que se encontram em corpos de seres humanos ou animais inferiores. As pessoas inteligentes, portanto, não adoram os diferentes semideuses, que são simplesmente representantes infinitesimais de Kṛṣṇa manifestos em corpos condicionados. A alma individual pode expressar sua potência apenas em proporção à forma e constituição do corpo. A Suprema Personalidade de Deus, contudo, pode exibir potências plenas em qualquer configuração ou forma, sem qualquer alteração. A tese dos filósofos māyāvādīs de que Deus e a alma individual são unos e o mesmo não pode ser aceita, pois a alma individual tem de desenvolver sua potência segundo o desenvolvimento de diferentes tipos de corpos. A alma individual no corpo de um bebê não pode mostrar a potência plena de um homem adulto, mas a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, mesmo quando deitado no colo de Sua mãe como um bebê, pôde exibir Sua potência plena matando Pūtāna e outros demônios que tentaram atacá-lO. Por isso, a potência espiritual da Suprema Personalidade de Deus é conhecida como eka-rasa, ou sem mudança. A Suprema Personalidade de Deus, portanto, é o único objeto adorável, e isso é perfeitamente compreendido pelas pessoas que não se contaminam com os modos da natureza material. Em outras palavras, apenas as almas libertas podem adorar a Suprema Personalidade de Deus. Os māyāvādīs menos inteligentes adotam a adoração aos semideuses pensando que os semideuses e a Suprema Personalidade de Deus estão no mesmo nível.

Os Vedas personificados continuaram a oferecer suas referências. “Querido Senhor”, oraram eles, “após muitos e muitos nascimentos, aqueles que realmente são sábios adotam a adoração a Seus pés de lótus em completo conhecimento”. Isso é confirmado no Bhagavad-gītā, onde o Senhor afirma que, após muitos e muitos nascimentos, uma grande alma, ou mahātmā, rende-se ao Senhor sabendo perfeitamente bem que Vāsudeva, Kṛṣṇa, é a causa de todas as causas. Os Vedas continuaram: “Como já foi explicado, considerando que a mente, a inteligência e os sentidos nos foram concedidos por Deus, quando esses instrumentos estão realmente purificados, não há alternativa a ocupá-los no serviço devocional ao Senhor. O enredamento de uma entidade viva nas diferentes espécies de vida se deve à aplicação errônea de sua mente, inteligência e sentidos em atividades materiais. Vários tipos de corpos são dados como resultado das ações da entidade viva, e eles são criados pela natureza material de acordo com o desejo da entidade viva. Porque a entidade viva deseja e merece um tipo particular de corpo, esse lhe é dado pela natureza material sob o controle do Senhor Supremo”.

No Śrīmad-Bhāgavatam, Terceiro Canto, é explicado que, sob o controle da autoridade superior, a entidade viva é colocada no sêmen de um homem e injetada no ventre de uma determinada mulher a fim de desenvolver um tipo particular de corpo. A entidade viva utiliza seus sentidos, inteligência, mente e assim por diante de uma forma específica de acordo com sua própria escolha e, portanto, desenvolve um tipo específico de corpo dentro do qual ela fica encarcerada. Dessa maneira, a entidade viva situa-se em diferentes espécies de vida, ora em um corpo de semideus, ora em um corpo humano ou animal, conforme as diversas situações e circunstâncias.

A literatura védica explica que as entidades vivas presas às diferentes espécies de vida são partes integrantes fragmentárias do Senhor Supremo. Os filósofos māyāvādīs confundem a entidade viva com Paramātmā, que está, na verdade, ao lado da entidade viva como um amigo. Porque Paramātmā (o aspecto localizado da Suprema Personalidade de Deus) e a entidade viva estão dentro do mesmo corpo, ocasionalmente as pessoas confundem-se e pensam que não há qualquer diferença entre a alma individual e a Superalma. No Varāha Purāṇa, há a seguinte explicação. O Senhor Supremo tem duas espécies de partes integrantes: a entidade viva é chamada vibhinnāṁśa, e Paramātmā, ou a expansão plenária do Senhor Supremo, é chamado svāṁśa. A expansão plenária svāṁśa da Suprema Personalidade é tão poderosa quanto a própria Suprema Personalidade de Deus. Não há nem mesmo a mínima diferença entre a potência da Pessoa Suprema e da Sua expansão plenária como Paramātmā. Contudo, as partes integrantes vibhinnāṁśa possuem apenas uma diminuta porção das potências do Senhor. O Nārada Pañcarātra enuncia que as entidades vivas, que são a potência marginal do Senhor Supremo, são indubitavelmente da mesma qualidade da existência espiritual do próprio Senhor. No entanto, elas são propensas à contaminação das qualidades materiais. Visto que a diminuta entidade viva se sujeita à influência das qualidades materiais, ela é chamada jīva, e, às vezes, a Suprema Personalidade de Deus é também conhecida como Śiva, o todo-auspicioso. Portanto, a diferença entre Śiva e jīva é que a todo-auspiciosa Suprema Personalidade de Deus nunca é afetada pelas qualidades materiais, enquanto as porções infinitesimais da Suprema Personalidade de Deus são propensas a serem afetadas pelas qualidades da natureza material.

A Superalma dentro do corpo de uma entidade viva particular, sendo uma porção plenária do Senhor, é adorável pela entidade viva individual. Assim, grandes sábios concluíram que o processo de meditação é prescrito de forma que a entidade viva individual possa se concentrar nos pés de lótus da forma da Superalma (Viṣṇu). Essa é a verdadeira forma de samādhi. A entidade viva não pode se libertar do encarceramento material através de seu próprio esforço. Logo, ela precisa adotar o serviço devocional aos pés de lótus do Senhor Supremo, ou à Superalma dentro de si mesma. Śrīdhara Svāmī, o grande comentador do Śrīmad-Bhāgavatam, compôs um verso maravilhoso a esse respeito, cujo significado é o seguinte: “Meu querido Senhor, sou eternamente uma parte de Você, apesar do que tenho estado aprisionado pelas potências materiais, que também são uma emanação Sua. Como a causa de todas as causas, Você entrou no meu próprio corpo como a Superalma, e eu tenho a prerrogativa de desfrutar da suprema vida bem-aventurada de conhecimento em Sua companhia. Portanto, meu querido Senhor, por obséquio, ordene-me que eu preste serviço amoroso a Você de forma que eu seja novamente conduzido à minha posição original de bem-aventurança transcendental”.

As grandes personalidades compreendem que uma entidade viva aprisionada neste mundo material não pode se libertar por meio de seus próprios esforços. Com fé firme e devoção, essas ilustres personalidades ocupam-se em prestar serviço devocional amoroso ao Senhor. Esse é o veredito dos Vedas personificados.

Os Vedas personificados continuaram: “Querido Senhor, é muito difícil obter conhecimento perfeito da Verdade Absoluta. Sua Onipotência é tão bondosa com as almas caídas que Você aparece em diferentes encarnações e executa diversas atividades. Você aparece, inclusive, como uma personalidade histórica deste mundo material, e Seus passatempos são muito elaboradamente descritos na literatura védica. Tais passatempos são tão atrativos quanto o oceano de bem-aventurança transcendental. As pessoas, em geral, têm uma inclinação natural para ler narrações em que os jīvas comuns são glorificados, porém, quando elas se atraem pela literatura védica, que narra Seus passatempos eternos, elas de fato mergulham no oceano de felicidade transcendental. Da mesma forma que um homem fatigado sente-se aliviado ao mergulhar em um reservatório de água, a alma condicionada que está muito desiludida com as atividades materiais renova-se e esquece toda a fadiga das atividades materiais simplesmente mergulhando no oceano transcendental de Seus passatempos. E, por fim, ela mergulha no oceano de bem-aventurança transcendental. Portanto, os devotos mais inteligentes não adotam nenhum outro meio de autorrealização que não seja o serviço devocional e a constante ocupação nos nove diferentes processos da vida devocional, especialmente ouvir e cantar. Quando escutam e cantam Seus passatempos transcendentais, Seus devotos não se importam nem mesmo com a bem-aventurança transcendental derivada da libertação ou imersão na existência do Supremo. Tais devotos não estão interessados nem mesmo na suposta libertação, e eles certamente não têm interesse em atividades materiais para elevação aos planetas celestiais com o fim de satisfação sensorial. Os devotos puros buscam unicamente a associação com os paramahaṁsas, ou os grandes devotos libertos, de forma que eles possam continuamente ouvir e cantar Suas glórias. Com esse propósito, os devotos puros estão preparados para sacrificar todos os confortos da vida, até mesmo abrir mão dos confortos da vida familiar e dos supostos amor, sociedade e amizade. Aqueles que experimentaram o néctar da devoção através do desfrute da vibração transcendental do canto de Suas glórias – Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare – não se preocupam com qualquer outra forma de felicidade espiritual ou confortos materiais, que parecem para os devotos puros como menos importantes do que a palha na rua”.

Os Vedas personificados continuaram: “Meu querido Senhor, quando a pessoa é capaz de purificar sua mente, sentidos e inteligência por ocupar-se em serviço devocional em plena consciência de Kṛṣṇa, sua mente torna-se sua amiga. Caso contrário, sua mente é sempre sua inimiga. Quando a mente está ocupada em serviço devocional ao Senhor, ela torna-se o amigo íntimo da entidade viva, porque a mente pode, dessa forma, pensar sempre no Senhor Supremo. Sua Majestade é eternamente querida à entidade viva, em virtude do que, quando a mente se ocupa em pensamentos atinentes a Você, a pessoa imediatamente sente a grande satisfação pela qual ela vem buscando vida após vida. Quando a mente de alguém está assim fixa nos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, a pessoa não adota qualquer outro tipo inferior de adoração, ou processo inferior de autorrealização. Ao tentar adorar um semideus ou adotar qualquer outro processo de autorrealização, a entidade viva torna-se vítima do ciclo de nascimentos e mortes, e não se pode estimar quão degradada a entidade viva fica ao ingressar em abomináveis espécies de vida, como cães e gatos”.

Śrī Narottama Dāsa Thākura escreveu uma canção dizendo que as pessoas que não adotam o serviço devocional ao Senhor, mas que são atraídas ao processo de especulação filosófica e atividades fruitivas, bebem os resultados venenosos de tais ações. Tais pessoas comem todos os tipos de coisas execráveis (como carne) e têm prazer com bebidas alcoólicas e outras drogas e, depois da morte, são forçadas a nascer em espécies inferiores de vida. As pessoas materialistas geralmente adoram o corpo material transitório e se esquecem do bem-estar da alma espiritual dentro do corpo. Alguns se refugiam na ciência materialista para aperfeiçoar os confortos materiais, e outros praticam a adoração aos semideuses para serem promovidos aos planetas celestiais. Sua meta na vida é tornar o corpo físico confortável, mas se esquecem do interesse da alma espiritual. Tais pessoas são consideradas na literatura védica como suicidas, pois o apego ao corpo material a e seus confortos força a entidade viva a vagar perpetuamente através do processo de nascimentos e mortes e a sofrer as dores materiais em seu devido tempo. A forma humana de vida é uma oportunidade para a pessoa entender sua posição. Por conseguinte, a pessoa mais inteligente adota o serviço devocional simplesmente para ocupar sua mente, sentidos e corpo no serviço ao Senhor, sem desvio.

Os Vedas personificados continuaram: “Meu querido Senhor, há muitos yogīs místicos que são muito eruditos e obstinados em obter a mais elevada perfeição da vida. Eles se ocupam no processo ióguico de controlar o ar vital dentro do corpo. Concentrando a mente na forma de Viṣṇu e controlando os sentidos de uma forma muito estrita, eles praticam o sistema de yoga. Contudo, mesmo após muita austeridade laboriosa, penitência e regulações, eles alcançam o mesmo destino das pessoas que são Seus inimigos. Em outras palavras, tanto os yogīs como os grandes especuladores filosóficos e sábios alcançam por fim a refulgência impessoal do Brahman, que é automaticamente obtida pelos demônios que são inimigos contumazes do Senhor. Demônios como Kaṁsa, Śiśupāla e Dantavakra também alcançaram a refulgência Brahman, porque eles constantemente meditavam na Suprema Personalidade de Deus devido à inimizade para com Ele. O ponto decisivo é concentrar a mente na Suprema Personalidade de Deus. Mulheres como as gopīs estavam apegadas a Kṛṣṇa; tendo sido cativadas pela Sua beleza, sua concentração mental em Kṛṣṇa era motivada pela luxúria. Elas desejavam ser envolvidas pelos braços de Kṛṣṇa, que se assemelham à bela forma curvilínea de uma serpente. De igual modo, os hinos védicos simplesmente concentram nossa mente nos pés de lótus de Sua Onipotência. Mulheres como as gopīs concentram seus pensamentos em Você movidas pela luxúria, e nós nos concentramos em Você para voltarmos ao lar, voltarmos ao Supremo. Seus inimigos também se concentram em Você pensando sempre em como matá-lO, e os yogīs submetem-se a grandes penitências e austeridades unicamente para alcançar Sua refulgência impessoal. Todas essas pessoas, embora concentrem a mente de formas diversas, alcançam a perfeição espiritual de acordo com suas diferentes perspectivas, porque Você, ó Senhor, é igual para com todos os Seus devotos”.

Śrīdhara Svāmī compôs um excelente verso a esse respeito: “Meu querido Senhor, estar sempre ocupado pensando em Seus pés de lótus é muito difícil, mas é possível para grandes devotos que já sentem amor por Você e estão ocupados em serviço devocional amoroso. Meu querido Senhor, desejo que minha mente também possa estar fixa, de uma maneira ou outra, em Seus pés de lótus, ao menos por algum tempo”.

A obtenção da perfeição espiritual por parte de diferentes espiritualistas é explicada no Bhagavad-gītā, onde o Senhor diz que Ele proporciona a perfeição que o devoto deseja em proporção à rendição do devoto a Ele. Os impersonalistas, yogīs e inimigos do Senhor entram na Sua refulgência transcendental, mas os personalistas que seguem os passos dos habitantes de Vṛndāvana ou seguem estritamente o caminho do serviço devocional são elevados à morada pessoal de Kṛṣṇa, Goloka Vṛndāvana, ou aos planetas Vaikuṇṭha. Tanto os impersonalistas como os personalistas ingressam no reino espiritual, o céu espiritual, mas os impersonalistas ocupam seus lugares na refulgência Brahman impessoal, ao passo que os personalistas recebem uma posição nos planetas Vaikuṇṭha ou no planeta Vṛndāvana, de acordo com seu desejo de servir o Senhor em diferentes relações.

Os Vedas personificados afirmaram que as pessoas que nasceram depois da criação deste mundo material não conseguem compreender a existência da Suprema Personalidade de Deus através da manipulação de seu conhecimento material. Exatamente como uma pessoa que nasce em uma família não pode entender a posição de seu bisavô, que viveu antes de seu nascimento, somos incapazes de compreender a Suprema Personalidade de Deus, Nārāyaṇa, ou Kṛṣṇa, que existe eternamente no mundo espiritual. O capítulo oito do Bhagavad-gītā enuncia claramente que a Pessoa Suprema, que vive eternamente no reino espiritual de Deus (sanātana-dhāma), pode ser alcançado unicamente através do serviço devocional.

Guia de estudos:

1 – Fale sobre a meditação manipuraka e o que é possível compreender com sua prática. 
2 – Quais são os treze templos de Tilaka marcados no corpo de um vaisnava? Procure e estude o mantra que confirma que Krsna está situado no coração, citado aqui. 
3 – Estude a Forma Universal do Senhor e escreva os detalhes do que aprendeu. Procure conhecer as vezes que Krsna manifestou esta forma para os devotos como Arjuna, mãe Yashoda e outros. 
4 – O que os impersonalistas pensam sobre a ideia de Krsna entrar como Paramatma no coração de toda a entidade viva? Procure versos do capítulo quatorze da Bhagavad Gita que corroborem esta ideia. 
5 – Quais são os locais do corpo que um vaisnava marca seu corpo com Tilaka? Cite mantras que se profere em cada um destes lugares. Você tem o costume de purificar seu corpo assim? 
6 – Continuando suas orações, os Vedas dizem que uma pessoa que sabe usar a mente, a inteligência e os sentidos ocupa-os em quais atividades? Você conhece pessoas que fazem o que é indicado aqui? 
7 – O que significa svamsa e vibhunnamsa? Por que os impersonalistas têm dificuldades de compreender estes termos? 
8 – Por que os Vedas ressaltam o fato de Krsna aparecer em diversas encarnações? 
9 – Qual é o desfrute espiritual que experimenta um devoto do Senhor que o faz desistir de todo prazer material? Você pratica este processo recomendado aqui? 
10 – Por que é dito que a mente pode ser a maior amiga ou maior inimiga do ser humano? Como a mente pode se tornar amiga, segundo as indicações dos Vedas Personificados? Procure na Bhagavad Gita o verso que corrobora esta ideia. 
11 – Agora é citada uma canção de Narottama Dasa Thakura. Quem cita esta canção? O que ela diz e porque está sendo lembrada neste ponto do capítulo? 
12 – Por que os grandes yogues e sábios especuladores alcançam o mesmo destino dos inimigos do Senhor após abandonar o corpo? 
13 – Se Krsna é igual para com todos, por que as Gopis, os especuladores, os inimigos dEle tem destinos diferentes? 
14 – O que é e como pode ser alcançado o Sanatana Dhama?

Material complementar para estudos: